segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CONTO: DESEJO CARNAL

Marina abriu a porta, chegava em casa após um dia de trabalho bem pesado. Ela era uma jornalista exigente consigo mesma, e não se permitia a erros profissionais. Tinha acompanhado o caso sobre os atentados à cidade, e desde então passou a trabalhar junto com o detetive Morrison na busca de encontrar o causador de todos os ataques. E aquele dia tinha sido proveitoso, eles haviam encontrado uma pista quente, que os aproximaram ainda mais do fim do caso.
Passando pelo corredor, pendurou as chaves e seguiu para se preparar para um bom banho. Foi se despindo à medida que andava, e foi se lembrando de alguns fatos que chamaram sua atenção mais cedo. Com a ajuda de Morrison ela conseguiu burlar os protocolos para conseguir uma entrevista com o suspeito que estava sendo acusado de ser cumplice dos causadores dos atentados. O suspeito acabou negando tudo, dizendo que não era culpado. Mas ela já sabia que era isso que aconteceria e não se convenceu com o que ele lhe disse, mesmo não descartando a possibilidade de ele ter dito a verdade.
A entrevista era valiosa, não poderia ainda ser publicada, era algo totalmente confidencial entre ela e Morrison. E se fosse parar nas colunas dos jornais eles estariam com grandes problemas.
- Tenho que guardar essa entrevista em algum lugar – disse ela quando seu gato se aproximou do seu pé. – O que você me diz, Bart? – perguntou ao animal. – Onde devo colocar? Diz aí. – O animal apenas a encarou e passou uma das patas sobre o focinho, e ela entendeu que ele tinha fome e colocou sua ração.
Depois segurou o pen-driver que continha a gravação da entrevista e o guardou atrás do espelho do banheiro; um lugar bem inusitado, mas que poucos procurariam.
Desde quando tinha começado a partilhar suas buscas com o detetive Morrison, Marina passou a se sentir mais segura, mais capaz, e, além disso, ela se sentia mais querida, desejada. Ela percebia do jeito que ele sempre a olhava, nunca passando do limite do respeito, mas com um olhar cobiçador, de desejo intenso. Ele era gentil, educado e honesto, mas ela tinha medo de conceder-lhe qualquer oportunidade por não saber ao certo o que ele realmente queria; compromisso ou somente sexo. Ela nunca tinha entrado em um relacionamento de verdade, sempre estava ocupada com alguma coisa, desde os estudos até a época do trabalho, e nem ligava muito para esse tipo de coisa, era bem resolvida vivendo sozinha. Mas o detetive tinha algo que lhe atraía. Em pouco tempo que eles estavam juntos ela já tinha sentido várias vezes vontade de ceder aos olhares e indiretas que ele sempre lhe lançava. Ele era o único homem que tinha a deixado assim, e percebia que aos poucos ia se deixando levar por seus desejos, lutando para continuar o rejeitando de forma amistosa, nunca desfazendo sua esperança por completo, pois ele estava sendo importante para ela, estavam em busca da mesma coisa.
Deu-se conta da água que enxia a banheira enquanto ela, distraída, pensava encostada no Box. Fechou a transmissão, preparou o banho e relaxou quando seu corpo delgado foi acariciado pelas águas mornas.
Era uma noite de clima agradável, lua cheia e céu estrelado. E após o banho relaxante, ela pegou o seu notebook para avaliar alguns arquivos que até então estavam sem nexo, mas que agora começavam a caber em outras peças do quebra-cabeça de pistas. Sentou-se à mesa com uma caneca de café, apenas de toalha, verificou se não havia perdido nenhuma chamada no celular e quando iria começar a analisar os dados percebeu que seu gato, que até então estava distraído na janela, passava a arranhar a porta com as patas.
- Não faça isso, Bart! Não precisa ficar toda vez me avisando que alguém irá bater na porta. É para isso que existe a campainha.
Tomou cuidado para impedir que o gato aproveitasse um vacilo seu para fugir, e logo então abriu a porta, e seu olhar primeiro avistou o peitoral do homem em sua porta para depois olhar em seu rosto e se assustar com a visão do detetive Morrison a encarando com um sorriso na face.
Ruborizou, não soube o que fazer agora que tinha proporcionado ao homem aquela visão. Não sabia se batia a porta em sua cara ou se tentava agir com naturalidade e o convidava para entrar. Acabou não fazendo nenhuma das duas coisas, e ficou imóvel apenas o encarando e ficando cada vez mais envergonhada.
- Perdão – disse o detetive, também sem jeito, mas gostando da visão. – Eu espero aqui fora. – e se virou.
A porta estava totalmente aberta, e ela só despertou do choque quando seu gato fugiu e um vizinho do apartamento ao lado foi passando e querendo lhe atirar o olhar. Não disse nada. Fechou a parta deixando a visita do lado de fora e se se encostou à parede ganhando ar para reagir. O que ele faz aqui?, pensou. Por que assim sem avisar?
O perfume que ele sempre usava invadia seu apartamento e a deixava ainda mais sem jeito, hipnotizada por pura atração. E fazendo não valer de nada ter fechado a porta, ela abriu novamente convidando-o para entrar.
- Desculpe, eu não estava preparada – tentou se justificar.
- Quem deve desculpas sou eu, por não ter te avisado – ela falava sem olhá-la. – Desculpa pelo o incomodo, mas é que um assunto precioso me traz aqui, e eu não quis falar por telefone ou qualquer meio que possa ser grampeado. Queria falar olhando nos seus olhos – e agora ele se virou para ela. – Será que tem algum problema nisso?
Ela tinha fechado a porta, e aquele perfume fez com que ela ficasse apoiada pelas costas na porta, segurando os desejos. Mas quando ele se virou ela estava recomposta, séria, pois jeito no qual ele falava sugeria algo sério.
- Espere um pouco até que eu coloque um traje mais adequado para conversarmos – ela estendeu a mão para que ele se locomovesse para um dos sofás, mas ele esperou que ela passasse em sua frente e aproveitou para sentir o cheiro de seu corpo.
- O assunto já é sério, Marina, talvez um traje mais inadequado fizesse com que tudo ficasse menos tenso. Nada melhor que uma boa visão nessas horas. E uma visão igual a que estou tendo é bruscamente maravilhosa – e agora ele faria como sempre fazia: – Bonito apartamento. Depois dizem que jornalistas não ganham bem – ele sempre desfaçava a gracinha com outra frase em seguida. Mas daquela vez ele tinha dito com um tom mais atraente aos ouvidos de sua interlocutora, que parou para olhá-lo indecisa do que fazer.
- Jornalistas recebem de acordo com o que fazem, senhor Germene Morrison.
- E detetives recebem de acordo com o que se propõe a fazer, senhorita Marina.
 E ambos foram se aproximando. A cada passo Marina sentia o molhado aumentar entre suas pernas.
- Qual visão se refere, Morrison? Ao que enxerga agora, ou ao meu apartamento?
- A beleza da segunda opção não se compara com a plenitude da primeira. Nós merecemos nos divertir nas horas vagas, Marina. Divertir-nos de forma que nossos sentimentos explodam de tanta euforia.
Ela apenas andou em sua direção. Estava hipnotizada, sem conseguir lutar ou se controlar, e ao mesmo tempo em que queria tanto fazer aquilo, temia o que fosse acontecer depois. Queria correr, sair dali, queria ter forças para resistir à atração que sentia por aquele homem. Mas não conseguia.
Os dois se encontraram, e de imediato ele agarrou sua cintura, com uma força que a fez soltar um suspiro, trazendo-a para mais próximo do seu corpo. Marina se viu entregue, sem poder resistir, e o homem aproveitou a oportunidade e a fez se sentir ainda mais inofensiva, quando desprendeu a toalha que rodeava seu corpo cobrindo sua nudez e puxou sua cabeça para que seus lábios se encontrassem.
Marina sentiu a toalha cair no chão assim como sua tensão. Ela já não queria voltar, queria usufruir tudo que aquilo lhe poderia proporcionar, e suas mãos procuraram as bordas da camisa do amante para retirá-la. Jogou o pescoço para trás para sentir o beijo agressivo que ele lhe dava, sentiu seus seios roçar contra o peitoral firme do parceiro, enroscou os dedos em seus cabelos e lhe devolveu o beijo com uma mordida nos lábios, quando desceu para conhecer seu cangote. Sentiu a luxúria tomar conta totalmente do seu corpo, sentiu seu órgão enxercado enquanto se sacudia no jogo do amor. Aquilo só podia ser o que todos chamavam de tesão! Ela nunca havia sentido nada igual antes, e se considerou um animal no cio quando sentiu uma das melhores sensações de sua vida.
  Sua perna tremia, seu corpo estava quente e apertava ele contra seu corpo com uma força descontrolada.
- Por que demoramos tanto? – disse quando conseguiu ter concentração para fazer outra coisa além de buscar o outro corpo.
Ele não te respondeu nada, parecia está descontrolado de prazer e tesão, e desceu buscando os seios da moça. Ela tremeu quando sua língua deslizou por toda extremidade do seio até chegar ao mamilo, e a força que ela cravou suas unhas nele foi tão grande e um gemido tão intenso que ele notou o orgasmo. O suor exalava a relação, o cheiro dos dois se misturava e cada vez mais eles se descontrolavam. Recostaram-se sobre o sofá e ela o ajudou a se despir. Com o peso de seu corpo Morrison fez com que Marina ficasse presa ao sofá enquanto ele deliciava o seu cangote e deslizava as mãos sobre sua coxa até encontrar o seu sexo entre os quadris e acariciá-lo sentindo que ele estava tão húmido que fazia barulho ao mínimo toque, e fazendo com que ela o desejasse ainda mais.
Marina se perdeu com a ação do homem, suas mãos buscaram o braço do sofá, depois os lados, a própria cabeça num delírio descontrolado e logo depois se prendeu a ele com braços e pernas.
- Eu não aguento mais – ela admitiu. – Temos de começar logo.
Aquela mulher era o que mais Morrison cobiçava, queria possui-la de qualquer forma, e já não aguentava mais apenas ter de olhar sem poder fazer nada. E agora eles estavam juntos, e estariam mais ainda a partir de então.
As pernas de mulher estavam suficientemente abertas para caber o homem no meio, o que era o mesmo que completamente. Ela não resistia àquele homem, ele era dono de seu corpo e das suas ações. E quando ele desceu deslizando a língua sobre seu abdome até pouco abaixo do seu umbigo, ela teve outro jorro da sensação causada pelo sexo e urrou um gemido, depois puxou ar entre os dentes. Todo seu corpo arrepiou, a sensação causou-lhes tremedeiras nas pernas, e, por sorte, ela já estava deitada, pois não aguentaria se manter de pé com todo aquele êxtase movendo em seu corpo. E quando ele se arqueou sobre seu corpo sujeitando seus braços com as mãos e lhe levando ainda mais à submissão, ela ergueu o próprio corpo para que o contato acontecesse logo, e ele se debruçou sobre ela com uma excitação monstruosa, penetrando-a. Marina se prendeu ainda mais a Morrison, sentindo o membro lhe invadir alargando o caminho estreito de seu corpo, causando uma sensação que ela pensou nunca sentir. E disse num sussurro de gemido:
- Não pare, por favor, continue. Assim. Vai.
O detetive já não conseguia se segurar, mas queria usufruir mais da mulher. O calor dos corpos não era seu aliado, nem o úmido persistente em seu membro e nem os gemidos e sussurros que ela lhe dava no ouvido.
- É tão bom te sentir assim, Marina – respirou, o coração disparado. – Não pode ser apenas hoje. Não pode.
Segurou até onde pôde, se enroscou à mulher com força e não conseguiu mais aguentar. Ela emitiu um gemido e fez com que ele sentisse sua satisfação, e ele, generosamente, deu-lhe o que tinha de dar.


Autor Deste Conto: Éric "Kot" do Blog Conto em Letras. Twitter: @LordeEric

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