Só nos restavam algumas
horas e nada mais.
A areia fina e morna
sob nossos corpos se estendiam como um tapete até onde nossa visão alcançava. A
brisa daquele final de tarde nos atingia e enchia nossos pulmões com o frescor
do mar. As sombras dos coqueiros que nos protegeram durante o dia, agora se
alongavam pela areia branca aumentando minha dor.
Sentados a olhar as
belezas do nosso paraíso lutávamos contra o desejo de quebrar nosso acordo.
Nosso tempo estava se esgotando e quanto maiores ficava as sombras, mais
apertado eu a abraçava.
O sol se punha mais
rápido do que eu desejava. Meu desejo era que ele nunca se escondesse, desejava
que aquele momento não findasse, mas eles sempre chegam ao fim.
Eram dois corações que
estiveram acostumados à dor e ao sofrimento. Dois corações que descobriram da
pior maneira que as mesmas mãos que acariciam com ternura, também podem esmagar
e prender.
O sol em puro sadismo
pareceu despencar do céu até se esconder entre nuvens deixando o céu colorido de
azul, cinza e laranja. Em um ponto distante a primeira estrela da noite
brilhou.
Meu coração palpitava
forte, palpitava como se desejasse abrir caminho para fugir de meu peito e se
refugiar junto ao dela. Tenho certeza que ela sentiu o forte bater em suas
costas, pois beijou minha mão e a repousou em seguida sobre seu peito. Senti o
bater de seu coração e percebi que palpitava no mesmo ritmo que o meu.
O sol se foi,
constelações vieram e a lua nos iluminou.
Permanecemos com
sentados, abraçados, com os dedos entrelaçados por muito tempo. Seus cabelos
soltos dançavam entregues ao vento, como eu já estava entregue em suas mãos.
Só nos restavam alguns
minutos e nada mais.
Como conseguíamos
forças para continuar com a promessa? Que bem viria do tolo pacto de não se
apaixonar? Como poderíamos comandar nossos sentimentos? O que raios passou por
nossa cabeça para jurar aproveitar apenas aqueles dias, sem se permitir
envolver demais, sem deixar rastros para contatos a mais?
Conhecemos o amor
naquela praia, ainda que só depois descobríssemos como nomear o que sentíamos,
e por fim decidimos que seria no mesmo local a nossa despedida. Quão tolos fomos.
Dois corações que já
foram feridos por se entregar demais e que por receio de sofrer novamente
decidiram não correr o risco.
Dois corações que no
silêncio das bocas revelavam tudo com os olhos. No silêncio das bocas revelavam
tudo com a respiração. Revelavam tudo com o bater dos corações.
Um amor que se rendeu
ao medo e aceitou o discurso de que se for para ser, será. Um dia o destino
fará nossas vidas voltar a se cruzar.
Não nos restou mais
tempo algum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário